Qual o cidadão,
militante do Movimento Escoteiro, que nunca foi perguntado sobre o
salário que recebe para exercer a função de Chefe ou Dirigente
Escoteiro? Quem nunca foi
perguntado onde e como conseguiu esse emprego permanente, essa “mamata”
que só trabalha nos fins de semana?
Quem nunca reparou a
expressão de espanto e até mesmo de descrédito quando você diz que é
voluntário e, como tal, trabalha de graça? Cuidar dos filhos dos
outros, levá-los para acampamentos, excursões, viagens, passeios,
reuniões todos os sábados?
Dormir no mato, no chão
duro, às vezes em baixo de chuva e por vezes mal alimentado, levando
picadas de insetos e quem sabe, de outros animais inerentes da mata.
Correr riscos de acidentes, tombos, cortes, queimaduras... Não, não é verdade!
De graça, nunca! Ninguém faria isso tudo de graça! Isto ocorre porque é
incomum pessoas que se dedicam ao voluntariado nos dias de hoje. A cada
ano a vida exige mais do individuo, subtraindo o tempo que poderia ser
dedicado ao próximo, seja a entidade que for. Sem contar que não temos a
tradição do voluntariado, como existe em outros países e, uma grande
parte dos nossos voluntários desconhece que ser voluntário tem direitos,
porem, tem deveres e obrigações.
Quando falamos que
ainda por cima temos que fazer vários cursos de capacitação e
treinamento, comprar literatura, material didático, material de
acampamento individual, como bússola, GPS, e mais uma série de equipamentos, e
que a maioria das viagens são feitas por nossa conta e que, não raro,
ajudamos alguns Escoteiros que estão com maiores dificuldades
financeiras, somos rotulados de malucos! Aliás, o
desconhecimento de algumas pessoas é tão grande que, às vezes somos
chamados de loucos ou de heróis, por assumir tal responsabilidade.
Porem, não sabem que não somos nem uma coisa, nem outra! Somos apenas
cidadãos responsáveis. Várias pessoas
estranhas ao Movimento já repetiram as mesmas perguntas e, de certa
forma, não deixam de ter razão. Qualquer um que desconheça os princípios
do Escotismo, certamente pensará que estamos recebendo salário para
chefiar. Não pode acreditar que tantos adultos dediquem o melhor de seus
esforços na condução de jovens que nem sequer os conheciam antes de
entrarem para o Escotismo. Efetivamente que
estamos ganhando, senão não estaríamos nos dedicando tanto... Estamos
ganhando e muito bem! O que recebemos pelo nosso trabalho, não tem preço
e ainda por cima, é isento do Imposto de Renda! Estamos ganhando
amigos leais, verdadeiros irmãos de Promessa. Ganhando a sensação
maravilhosa do “dever cumprido”! Ganhando a satisfação de fazer a nossa
parte! Ganhamos o carinho, o
respeito e a afeição dessas crianças e jovens que, em alguns casos,
somos a última esperança de uma vida melhor. Sem o desejar, às vezes,
somos o modelo do pai que não tiveram e alguém para se espelhar... Isso,
não tem preço! Nenhuma dessas
pessoas se põe a analisar as dificuldades que assume um Escotista,
tomando sobre seus ombros a responsabilidade de trabalhar com crianças e
jovens. Qualquer pessoa, sem espírito altruísta, irá colocar na balança
de seu entendimento as vantagens e desvantagens que o Escotismo oferece
e, muito provável, decidirá deixá-lo de lado ao perceber o quanto
difícil é trabalhar o caráter. Então, chegamos à conclusão que ganhamos muito bem para ser Chefe
Escoteiro. Um salário bastante alto que, porém, nada se compra com ele!